Medalha de Ouro

Como é emocionante ver um brasileiro recebendo uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, “decorado” com o hasteamento da bandeira ao som do Hino Nacional, culminando com a emoção e o choro do atleta recebendo a tão sonhada Medalha de Ouro. Não importa a modalidade esportiva praticada pelo atleta porque a emoção é sempre a mesma: um arrepio na espinha passando pelos braços, o nó na garganta, um início de lacrimejar nos olhos e um sentimento de orgulho e vaidade que, no remexer na cadeira, nos faz sentir, representados por aquela bandeira e por aquele hino. O paulista César Cielo, nascido em Santa Bárbara D´oeste, me fez sentir um pouco desta emoção ao conquistar a medalha de ouro na prova de natação nos 50 metros livre.
Com esta conquista ele se torna o primeiro campeão olímpico da natação. Penso que esta emoção e alegria deveriam ser também sentidas pelos nossos políticos e dirigentes esportivos que tem o poder de realmente fazer do nosso país uma potência esportiva, ou quem sabe até, com seriedade, investimento e trabalho, se tornar uma potência olímpica. Quer um exemplo, a China, que até mesmo antes de terminar a Olimpíada já conquistou mais de quarenta medalhas de ouro. O esporte em qualquer país do Mundo é um instrumento excepcional para transformar e melhorar a vida das pessoas. Através de atividades esportivas nós podemos criar métodos de ensino diferenciados, revolucionar a capacidade esportiva de um país, colaborar com os pais na educação e na formação do caráter de seus filhos. O esporte é capaz de transformar e salvar vidas humanas. Conheço muitos exemplos que me comprovam isso.
O que dizer de tantos heróis anônimos que trabalham com esporte neste país mesmo diante de tantas dificuldades impostas por nossos governantes que não colocam o esporte como prioridade. Eles lutam, batalham, colecionam vitórias e até derrotas, mas na maioria das vezes não existe o mínimo de reconhecimento daquilo que fizeram e construíram em favor do esporte ou do atleta. Quantas “medalhas de ouro” a gente poderia distribuir se fossemos reconhecer o quanto tantos abnegados fizeram ou ainda estão fazendo pelo esporte brasileiro. Infelizmente, até hoje não tivemos governantes que realmente coloquem o esporte como prioridade, políticos que criem mecanismos ou uma lei verdadeira de incentivo fiscal ou que obriguem a educação física em todos os estabelecimentos de ensino do país. Este assunto tem tomado meu pensamento neste mês de Olimpíada. A campanha pífia do Brasil comprova que não levamos o esporte a sério. Até quando vamos viver de heróis como César Cielo. Podemos ter muito mais atletas medalhistas olímpicos.
O esporte tem que ser tratado como investimento, não como despesa. Investimento no ser humano, na criança ou no jovem, no adulto ou no idoso, no negro ou no branco, no pobre ou no rico. País que acredita que o esporte faz bem para o seu povo não mede esforços econômicos para superar metas, obstáculos e ganhar “Medalha de Ouro”, não só olímpica, mas também na área da saúde, da educação e no bem-estar das pessoas. Vivemos hoje, o clima olímpico, temos que aproveitar este momento para cobrar de nossos políticos uma verdadeira “revolução” esportiva no Brasil inteiro. Se por acaso nós não tivermos a chance de viver ou desfrutar um pouco desta transformação esportiva que tanto sonhamos, que pelo menos ela seja vivida e desfrutada pelos nossos filhos e pelos nossos netos.

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